Talvez devêssemos começar pensando na forma geométrica do círculo, aquele que não tem início nem fim e que todos os pontos na circunferência são equidistantes do Centro, trazendo uniformidade e homogeneidade para a figura.

Talvez devêssemos pensar também na sábia filosofia taoista que nos remete aos caminhos da naturalidade ou seja, de nossa vida em consonância com com os ciclos redondos da Natureza, que são infindáveis e, portanto, arriscaríamos a dizer que são eternos.
Ou simplesmente deveríamos olhar para a nossa Economia e repensar nas cadeias produtivas no presente e seus profundos impactos no futuro. E esse futuro parece estar batendo à porta.
Sim, por que nosso modelo tradicional de — extração / transformação / produção / consumo / descarte dos insumos está nos levando à exaustão das matérias-primas e, o pior de tudo, a níveis alarmantes de poluição.
Claro que sempre se pensa em formas de contornar, principalmente as questões referentes à poluição e Meio Ambiente
Mas sabemos que está muito longe do que deveria realmente ser.

Na Natureza
Vamos ver alguns exemplos na Natureza, como a água, por exemplo.
A quantidade de água é sempre igual e vai se transformando nos vários estados que conhecemos.
Os seres orgânicos nascem, crescem e morrem, servindo de nutrientes para outros seres que estão chegando, sejam plantas ou animais. E até mesmo os minerais.

Não vemos nos processos de vida e reprodução na Natureza nada parecido com o que fazemos, de utilizar materiais e depois descarta-los criando uma enorme massa que resíduos destinados ao… lixo.
E alguns bens utilizamos tão pouco, como é o caso das embalagens, copos e utensílios descartáveis. Imagine só, nos servimos de um copo d’água, consumimos em alguns segundos e o copo vai para o… lixo, poluir terrenos, rios, mares, o Planeta Terra.
Não parece muito sensato, não é verdade?
Cultura de Consumo
Sabemos que vivemos em uma cultura enviesada, onde os produtos são projetados já com a obsolecência embutida.
Isso para não falar nas modas, que mudam a cada estação e também nos avanços tecnológicos que deixam instrumentos, aparelhos, celulares, utensílios, etc. totalmente desatualizados em menos de um ano.
E aí, claro, queremos as novidades.
Temos fortes apelos diários nos convidando a sermos felizes portando os últimos modelos deste ou daquele instrumento / roupa / carro, etc.

Me lembro de um empresário que dizia o seguinte: “quando fura o pneu do carro, eu não troco o pneu, eu troco o carro.”
Já pensou se a moda pega? Haja ferro-velho para acomodar todos os veículos ainda perfeitamente utilizáveis mas com um de seus pneus furado.
Será que paramos para pensar nos impactos futuros que isso representa?
Nova Ordem
Seria muito sensato não esperar o problema se transformar em catástrofe para tomar as medidas preventivas.
Talvez seja o momento de pensarmos se realmente precisamos do bem ou do serviço que ele nos oferece.
Precisamos realmente do carro ou de sermos transportados de um lado para outro?

No Seminário promovido pelo Instituto de Engenharia do Paraná, várias questões importantes foram levantadas neste sentido:
– Volume de lixo do planeta — dobra em 10 anos;
– 80% produtos são descartados após 6 meses de uso;
– Dificuldade na reciclagem. Não se sabe quais os materiais são utilizados, se são poluentes ou não;
– O resíduo — deve servir como insumo em outro produto. Isso deve impactar na redução de gastos, principalmente nos custos variáveis (que são aqueles diretamente ligados ao processo produtivo);
– Produtos modulares, facilitam a manutenção e permitem a retro-alimentação. Materiais descartados em uma indústria poderiam ser reaproveitados em outra, por exemplo.
– O produto deve ser pensado para ser regenerado — tem que ter rastreabilidade.

– Planejamento para performance, e não obsolescência.
– Necessidade de se ater à Geração de Valor, mais até do que a do bem físico. Ao invés de se vender o produto, se vende o acesso ao valor gerado. Utilizado por mais tempo e por mais usuários.
– Exemplo: Carro — estatisticamente fica parado em 92% do tempo. Estacionamento de carros — ocupa espaço e é problema.
– 50% estrutura das cidades — vai para a mobilidade, ou seja, o transporte de pessoas e cargas.
– Mudança de consumidor para usuário dos produtos ou serviços.

Processos regenerativos
A partir destes pressupostos todos, percebe-se então a necessidade de cadeias de produção mais restaurativas e regenerativas desde o seu projeto, prolongando a vida útil e permitindo a remanufatura do produto. E depois a reciclagem.
Mas, para isso, é necessário mudanças de mentalidade e do modelo de negócio.
Somente uma visão mais sistêmica e menos econômica / financeira do processo produtivo poderá levar a uma Economia mais circular, mais orgânica e em maior consonância com os ciclos da Natureza.
Precisaremos começar do princípio, com a gestão da cadeia dos agentes, promovendo atuações mais apoiadas em forte mudança cultural, onde se prioriza não a propriedade e sim a utilização. Não o consumo e descarte e sim o desfrute e a regeneração dos produtos e serviços necessários à Vida.

Será que conseguiremos essa façanha? Por enquanto é Importante. Não vamos permitir que se torne Urgente, pois a urgência não tem começo, só tem fim e, positivamente, não é circular.
Vídeo Story of the Stuff
Esse vídeo de 20 minutos produzido por Annie Leonard em 2007 mostra, de uma maneira simples e ilustrativa, a história de como coisas são produzidas, como e por que vão parar em nossas casas e para onde vão depois de se tornarem “inúteis”.
O mais importante é a descrição dos impactos produzidos em cada uma dessas etapas.
Fontes Consultadas:
https://eco.nomia.pt/pt/economia-circular/estrategias
Vídeos:
Thais Varella / Biofilia — https://youtu.be/iSTodPZ3WYA
Prof. Antonio Carlos Pinto -UFRJ — https://youtu.be/jI6ZF2BHiN4
Prof. Aldo Roberto Ometto — https://youtu.be/Asq0Rb9N-3k
Inst. Engenharia Paraná — eng. Luciano Carstens —
Música Circular — Camila Costa e Luis Guima — https://youtu.be/P-94rxZNrAc



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